Mês: fevereiro 2025
Análise de AVALON com base na letra e no vídeo recém lançados:
Fomos recentemente apresentados a AVALON (tanto à música quanto um clipe desta dias depois), o single do novo álbum que concluirá em 2025 a trilogia iniciada com o álbum “Testimonium” (2017). Foi um passo surpreendente esse dado pelo LACRIMOSA. Alguns fãs se viram surpresos com a proposta ligada a fantástica ilha das lendas Arthurianas. No entanto, pensando na trajetória até aqui faz todo sentido.
Em um post recente referente ao álbum “Testimonium” foi escrito que com ele “iniciamos um ciclo sobre Morte, perda e dor da alma”. Em seguida lemos que com “Leidenschaft” (2021) “levamos a dor para a Paixão e o desejo, para o prazer e a angústia”. Então, como um fim para tal ciclo de dor, que destino seria melhor que um lugar onde é possível encontrar cura? Após tamanho tormento o que seria melhor que um Êxodo para as místicas terras de Avalon?
Aqui tentaremos fazer uma análise o mais completa o possível de AVALON com base na letra e no vídeo recém lançados.

Logo que o vídeo se inicia temos uma visão do castelo na ilha de Avalon e somos levados às suas profundezas onde encontramos Anne belamente e provavelmente retratada como a sacerdotisa Morgana, ali cercada de velas, incensos, livros, incontáveis objetos, símbolos e recipientes com conteúdos diversos com a certa finalidade de serem utilizados em poções e feitiços. Notamos também uma alva e linda coruja empoleirada atrás de Anne.
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Em seguida Tilo surge em um bosque que tem seu solo coberto pelas pálidas e misteriosas brumas e entre estas vemos pela primeira vez os anjos que (diferentes do senso comum são totalmente negros, como se chamuscados pelo fogo) rastejam na sinistra paisagem. As vestimentas e adornos de Tilo são medievais, por isso podemos entendê-lo como sendo Arthur, o lendário rei das Lendas e meio-irmão de Morgana, ambos filhos de Igraine.

Somos então apresentados aos primeiros versos de AVALON, onde Tilo canta:
“Os ventos do Norte sopram sobre a terra,
Não havia ninguém, nem abrigo – apenas cinzas encontrei.”
Anne emenda:
“Os ventos do Norte sopram sobre a terra,
Nenhum ser humano, nenhum ser vivo – nada foi o que encontrei.”
Estes versos parecem estar narrando um local onde houve destruição. O vento Norte, mitologicamente falando, é tido como aquela capaz de trazer o frio e a destruição, um vento agourento. Podemos interpretar estes ventos como os eventos das batalhas e guerras que assolaram toda uma terra, deixando-a deserta e em ruínas. É durante estes versos que Tilo se abaixa e de dentre o espesso tapete de brumas resgata um elmo, um vestígio da tragédia que se sucedera ali.

Em seguida as vozes se unem nas perguntas:
“O que aconteceu?”
“O que nós fizemos?”
Estas perguntas soam como sendo retóricas; perguntas de incredulidade frente ao que havia sido feito. Sabe-se o que foi feito, mas ainda assim persiste o sentimento de que não deveria ter sido feito. De que o que quer que seja poderia ter sido evitado.

É muito importante mencionar o detalhe da presença da coruja (que pelos créditos sabemos ser chamada Jane), que é uma ave com um forte apelo simbólico. O primeiro a vir à mente de muitos é a Sabedoria, mas também pode representar a reflexão e, dentre outros, a mudança e este último é muito importante considerando o contexto narrativo dos álbuns desta última trilogia. Precisamos de tempos de mudança. Assim como Arthur e Morgana queriam levar mudança e paz para os povos após tantos conflitos, nós – após o que vivemos no período da pandemia e mesmo fora dela, por exemplo – precisamos de mudança.
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“Então vem a chuva e depois vem a noite…”
O refrão vem pela primeira vez e temos Tilo cercado por grades, talvez na tentativa de comunicar que não é possível escapar destas chuvas e da noite que vem em seguida, ambas parecendo conter um significado negativo levando em conta o verso seguinte:

“Os anjos choram sobre nós,”
A impressão que se tem é que a chuva que veio e a noite depois são consequências do pranto dos anjos. Isso nos faz pensar: que tragédia foi esta que se sucedeu que desfigurou anjos e os fez chorarem a ponto de suas lágrimas povoarem os céus, chover torrencialmente e assim se seguir uma escura noite? Que mal foi este que os ventos do Norte trouxeram?

“Agora tomo a tua mão,
Avalon – eu te trago para a terra.”
Aqui temos um chamado oferecido. Um convite àqueles que queiram deixar este mundo de dores, onde os céus derramam lágrimas dos anjos e a noite que chega é terrível. É oferecida a promessa de ser conduzido a AVALON.
Neste ponto é interessante focar na relevância de AVALON em um momento específico das lendas Arthurianas. Após a luta travada contra seu filho Mordred (há uma versão da lenda que é contrária ao fato de Mordred ser mesmo filho de Arthur) na Batalha de Camlann Arthur, embora vencedor, se encontra gravemente ferido e é levado para Avalon para lá ser curado e onde aguarda o dia, que não se sabe quando será, em que haverá de retornar para salvar seu povo.
Somos, assim sendo, convidados a ingressar nesta mesma terra de descanso e cura. De recomeços.

Em um dos posts sobre o anúncio do single Tilo escreveu que Avalon é sobre uma busca, mas onde esta busca nos levará? Onde Avalon pode ser encontrada? Os versos seguintes podem ser a resposta:
“No fundo de mim tu encontras este caminho dourado,
No fundo de ti encontras a terra.”
Avalon, então, pode se tratar de nós sendo capazes de encontrar em nós mesmos formas para lidar com a dor e o sofrimento que começamos a presenciar desde o álbum “Testimonium”.

Um momento extremamente belo é quando temos Tilo, nosso Arthur, se ajoelhando em frente a Anne, nossa Morgana, assentada em um trono negro enquanto canta:
“Eu prolongo este tempo,
Destruo o momento.
Cavalheiros estão extintos,
Damas, fora de moda”
Tanto o gesto quanto o que é cantado refere-se provavelmente aos valores românticos que tem se perdido com o passar do tempo. As gentilezas em sua pureza estão ficando para trás, algumas vezes sendo até feitas na expectativa de que quem as executa seja promovido por estas. A pureza, de todos os lados, está se tornando obsoleta.
“Estou presa no tempo,
Fique no momento.
Vamos, finalmente, fugir
Antes que o ar arda em chamas.”
As linhas cantadas por Anne enquanto recebe a rosa são dramáticas, nelas ouvimos que a situação que já é perigosa pode se tornar ainda mais, por isso há o convite à fuga antes que a destruição venha sobre tudo e todos.

Em seguida temos um interlúdio instrumental pesado e carregado. Logo vemos Anne com um Pêndulo, objeto que seria utilizado a fim de obter um “sim” ou um “não”. O objeto se movimenta sobre um grimório enquanto a coruja Jane assiste a tudo com agitação. O instrumental parece querer nos transmitir essa sensação de momento decisivo onde muito se está em jogo. Nós será mostrado em seguida que mesmo os anjos se acham atormentados, levando mãos às cabeças como sinal de temor de que algo grave possa acontecer.

Em um lugar, nas profundezas de Avalon, Anne intercede.
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Tilo, em meio às brumas rastejantes, ergue um clamor…

E os anjos continuam apavorados frente aos acontecimentos que testemunham.

Um farol é mostrado em uma das torres de AVALON, talvez um símbolo de que mesmo na densa escuridão ainda persiste uma luz, uma esperança.

Em seguida chega a manhã e ela vem reluzente e dourada e debaixo do brilho do Sol contemplamos AVALON e o lago em todas as suas cores e detalhes fantásticos, pinheiros e árvores diversas trazem aquele ar tão comum quando chegamos ao fim de narrativas épicas com seus finais triunfantes.
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E, por fim, temos um vislumbre da famosa espada que quando tirada da rocha por Arthur veio a ser uma prova de sua nobreza e de que ele tinha direito ao trono da Bretanha . É muito importante deixar claro que majoritariamente crê-se que a espada fincada na rocha e Excalibur são duas espadas diferentes. Enquanto a primeira conferiu a Arthur o título de Rei, por assim dizer, Excalibur é uma espada forjada em AVALON e dada a Arthur por Viviane, a Senhora do Lago, com a condição que houvesse harmonia entre as religiões, aqui o Cristianismo e os ensinamentos da Deusa.
A espada, considerando que temos diante de nós a intenção de unificar a Espada da Rocha com Excalibur, pode simbolizar a possibilidade de novos inícios e o ingressar a AVALON e finalmente provar de suas belezas e riquezas paradisíacas. No vídeo, após vermos a manhã chegar, não tornamos a ver a escuridão ou pranto, ao invés disso temos representações de paisagens prósperas onde as cores passam a ser mais célebres e vibrantes. Seria isso finalmente uma vitória? Seria uma alegoria do que encontraremos caso finalmente encontremos Avalon dentro de casa um de nós? Esperamos saber mais com o lançamento do álbum.
Autor: Felipe Rocha
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CAPA E SETLIST DO NOVO ÁLBUM LAMENT REVELADA
A capa do nosso novo álbum, que será lançado em 7 de março!”

Depois das duas primeiras músicas de tempestade, “Nach dem Sturm” e “Führ mich nochmal in den Sturm”, eis que chega a terceira parte: “Ein Sturm zeiht auf” (Uma tempestade está chegando). Contudo, uma quarta parte final também está oculta nesse álbum. Além disso, há “Avalon” na versão completa, “Dark Is This Night” com os vocais principais de Anne, a abertura que dá título ao álbum, “Lament”, e… bem, como vocês podem ver, muito mais!”
